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domingo, 15 de julho de 2012

REFLEXÃO CRÍTICA




Figura copiada de filosofiacienciaevida.uol.com.br


Reflexão critica, que articule inter-relações entre Ciência e Ciência da Informação, sob a ótica de cada proposta individual de pesquisa, indicando possíveis alterações na perspectiva de pesquisa.

Para Tomanik (2011) a Ciência é difícil de ser definida e esse fato impossibilita a adoção de uma única definição além de seu caráter dinâmico permitir que haja o surgimento de novas definições.

A ciência busca saber sobre determinado tema, fato ou fenômeno e procura descrevê-lo de alguma forma. Procura-se explicar como o objeto de estudo se relaciona com outros objetos ao seu redor e se esse fato pode influenciar o ambiente no qual está inserido. O objeto de estudo influencia e é influenciado por esse ambiente. Ainda para Tomanik (2011, p. 20), a realidade é sempre mais complexa do que se pode perceber o que leva ao desenvolvimento de pesquisas.
Pedro Demo (2011, p. 20), diz que “a ciência propõe-se a captar e manipular a realidade assim como ela é.” Porém a noção de realidade é subjetiva, uma vez que depende do grupo social no qual o indivíduo está inserido, portanto é construído socialmente.  A pesquisa, feita em qualquer área do conhecimento, é uma tentativa de melhor entender a ‘realidade’ na qual estamos inseridos. O ser humano tem a necessidade de buscar respostas para questões que o incomodam de algum modo.  Ao pensar o ser humano pode descobrir novas formas de ver o mundo.

A Ciência pode ser desenvolvida nas mais diversas áreas do saber, mas nesse trabalho especificamente será trabalhado a questão da Pesquisa na Ciência da Informação.

Para Barreto (2007, p. 14), a área da Ciência da Informação se reconstrói “[...] ao sabor das inovações na tecnologia [...]” com o entendimento “da evolução das práticas da área”. A Ciência da Informação, para Souza (2007, p. 79), “combina o entendimento da tecnologia da informação com o estudo científico do comportamento humano em sua busca de informação e o modo de processá-la” além da maneira “de utilizar efetivamente o potencial de armazenamento, organização e manipulação proporcionados pelo computador.”
Muller (2007) traz métodos diversos para pesquisa na área de Ciência da Informação. A minha pesquisa de doutorado tem como tema geral Metodologia de organização de acervo fotográfico. Penso que o desenvolvimento dessa metodologia pode permitir que as fotografias existentes nos arquivos possam ser tratadas como documentos de arquivo, o que infelizmente não ocorre na maioria dos casos, pois as fotografias são descontextualizadas, perdem sua organicidade e transformam-se em coleções.
Ao se pensar em quais estratégias metodológicas podem ser viabilizadas para o tratamento técnico do acervo fotográfico sob a guarda do Arquivo Geral do Município de Vitória (ES) para posterior socialização física e virtual das fotografias, deve-se considerar alguns aspectos, tais o tratamento de coleção dada aos acervos fotográficos, o que os leva a perder sua organicidade. De acordo com Lopez (1999, p. 68-69), essa forma de organização não é a ideal, pois o arranjo deve
[...] garantir a devida contextualização dos documentos arquivísticos, resgatando as funções e atividades geradoras dos documentos e respeitando o princípio da proveniência. Para tanto, usam-se duas modalidades de arranjo: o estrutural e o funcional. Algumas instituições chegam a propor outros tipos de arranjo, fundados em assuntos, localização geográfica, cronologia, etc. A meu ver essas soluções “alternativas” desviam-se da definição conceitual de arquivo ao descartar as funções originais dos documentos como critério basal da organização arquivística e não garantem uma contextualização documental correta.

O tratamento técnico permite, além da preservação dos documentos, a otimização do uso do acervo fotográfico. O Arquivo Geral do Município de Vitória, o campo empírico no qual se pretende realizar o estudo que aqui é problematizado, é uma unidade de informação que beneficia o funcionamento das atividades da Prefeitura de Vitória (PMV) e, consequentemente, a coletividade. Por meio da pesquisa, deve, além de facilitar o trabalho do pesquisador de hoje, tornar o acervo acessível, assim como preservar a memória do Município, assumindo outro fundamental papel: garantir que gerações vindouras possam ter acesso a ele.

O que significa que não basta guardar um acervo, é necessário preservá-lo, conservá-lo e torná-lo acessível, possibilitando novas e constantes pesquisas, para possibilitar de acordo com Mattar (2003, p. 21) o “[...] seu progresso em relação às sociedades democráticas, seja pelo aspecto cultural e histórico, seja pelo aspecto de sua participação política”. Isto evidencia que, como memória, os arquivos devem ser dinâmicos.

Em relação à essas fotografias, Perini (2005, p. 17), diz que “a qualquer um que seja dada a oportunidade de observar o acervo [...], o contato com as imagens suscitará a afirmação de que possuem um grande potencial enquanto documentos que podem dar conta de um passado e de uma memória da cidade de Vitória.
Ao se propor estratégias metodológicas que podem ser viabilizadas para a organização do acervo fotográfico sob a guarda do Arquivo Geral do Município de Vitória para posterior socialização física e virtual das fotografias, pretende-se também permitir que um maior número de pesquisadores tenham acesso a esse acervo, contribuindo para a formação de um painel mais abrangente da história da fotografia no Espírito Santo e no Brasil, por ser esse um patrimônio cultural de suma importância para a preservação e ampliação da memória capixaba.
Ao criar uma metodologia de organização dos registros fotográficos será possível aos pesquisadores desenvolverem inúmeros estudos a partir desse acervo fotográfico. Soma-se aos fatos anteriormente citados a necessidade de mostrar a importância da fotografia como documento e, portanto a necessidade de sua organização como tal.

Atualmente poucas fotografias desse acervo estão disponíveis na internet, e as que se encontram estão em sua maioria dispostas de forma aleatória, nem sempre dentro dum contexto, e quando acompanhadas por alguma informação não é possível determinar que a legenda corresponda à fotografia em questão e/ou que as informações da qual faz parte sejam verídicas.
Conforme Lacerda (2008, p. 94), as fotografias são consideradas “documentos únicos, referentes ao tema ou fato visual que apresentam, produtos de uma autoria que encontra no fotógrafo a personalidade criadora da imagem.” Apesar desse fato, ao fazer parte de algum acervo arquivístico, leva ao fato de ser referenciado como fonte “apenas os nomes dos arquivos”, o que de acordo com Lacerda leva no mínimo a duas perdas: “deixa-se de considerar os possíveis significados que o exame das circunstâncias de produção do documento no contexto funcional pode oferecer”, além do “risco de apresentar uma postura ingênua diante da fonte ao assumir, pelo não questionamento, que as fotografias descritas em instrumentos de pesquisa não carregam em si as marcas das decisões metodológicas e teóricas”, que segundo ela “ajudaram a transformá-las em ‘fontes disponíveis’ ao pesquisador.”

Segundo Lopez (1999, p. 33, 34), ressurgem antigos problemas ao ampliarem-se os conceitos de fonte histórica e documento, problemas esses relacionados à organização dessas fontes, que trazem também “novas questões, como a relação entre esses registros, a cidadania e o direito à memória”, pois para ele “não basta o livre acesso do cidadão aos diversos registros que informam sobre o passado para garantir a construção da memória a partir dos elementos eleitos pelo próprio grupo”, uma vez que pensa a questão da memória como selecionada e construída de forma dinâmica pelos grupos sociais.

Referências:

BARRETO, Aldo de Albuquerque. Uma história da Ciência da Informação. In: TOUTAIN, Lídia Maria Batista Brandão (Org.). Para entender a Ciência da Informação. Salvador: EdUFBA, 2007. p. 13 – 34.

DEMO, Pedro. Introdução à Metodologia da Ciência. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2011.

LACERDA, Aline. A fotografia nos arquivos: a produção de documentos fotográficos da Fundação Rockfeller durante o combate à Febre Amarela no Brasil. Tese de Doutoramento. São Paulo: FFLCH-USP, 2008. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponíveis/8/8138/tde-11092008-145559>. Acesso em: 25 jul. 2011.

LOPEZ, André Porto Ancona. Tipologia documental de partidos e associações políticas brasileiras. São Paulo: História Social USP/Loyola, 1999. Disponível em: <http://www.diplomaticaetipologia.blogspot.com/p/biblioteca.html>. Acesso em: 25 jul. 2011.

MATTAR, Eliana. Dos arquivos em defesa do Estado ao Estado em defesa dos arquivos. In: MATTAR, Eliane (org.). Acesso à informação e política de arquivo. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2003.

MUELLER, Suzana P. M. (Org).  Métodos para a pesquisa em Ciência da Informação. Brasília: Thesaurus, 2007.

PERINI, Giselli Maria. Acervo Fotográfico do Arquivo Geral do Município de Vitória: “Arquivo Morto” ou Memória Viva? 2005. 56 f. Monografia (Graduação em Arquivologia). Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2005.

SOUZA, Mara da Paixão Neres de. Abordagem inter e transdisciplinar em ciência da informação. In: TOUTAIN, Lídia Maria Batista Brandão (Org.). Para entender a Ciência da Informação. Salvador: EdUFBA, 2007. p. 75 – 90.

TOMANIK, Eduardo Augusto. O olhar no espelho: conversas sobre a pesquisa em Ciência da Informação. 2. ed rev. Maringá: Eduem, 2004.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

DEFINIÇÃO DA BASE TEÓRICA QUE EMBASA E CONTINUARÁ EMBASANDO A PESQUISA ATUAL



DINTER UnB/UFES

Base Teórica:
 
    CARVALHO, Telma Campanha de. Fotografia e Cidade: São Paulo na Década de 1930. Dissertação de Mestrado. São Paulo: Programa de Estudos Pós-Graduados em História Social, PUC-SP, 1999. Analisa a formação de uma imagem da cidade de São Paulo na década de 1930, através da produção fotográfica da Light, do jornal O Estado de São Paulo e do Departamento de Cultura do Município, fazendo uma retrospectiva do desenvolvimento da técnica fotográfica no fotojornalismo e nos registros urbanos.

    JENKINSON, Hilary. A manual of archive administration. London: London P. Lund, Humphries, 1966. Traz uma visão da complexidade das instituições, uma vez que há uma maior produção de documentos e o surgimento de novas tecnologias e de novos tipos documentais, fazendo referência a documentos em novos formatos – gravações sonoras, filme fotográfico, entre outros.  Menciona às possibilidades crescentes da reprodução fotográfica nos arquivos.

    LACERDA, Aline Lopes. A fotografia nos arquivos: a produção de documentos fotográficos da Fundação Rockfeller durante o combate à Febre Amarela no Brasil. Tese de Doutoramento. São Paulo: FFLCH-USP, 2008. Discute a produção de fotografias administrativas, analisando a natureza e as características das fotografias enquanto documentos que integram os arquivos institucionais. Sobre o tratamento de fotografias pertencentes a arquivos históricos, investiga a trajetória do documento fotográfico como objeto teórico e metodológico na área da arquivística, com base na análise de alguns de sues principais manuais e textos metodológicos.

    LOPEZ, André Porto Ancona. Tipologia documental de partidos e associações políticas brasileiras. São Paulo: História Social USP/Loyola, 1999. Os acervos fotográficos, são vistos como coleções, ou seja, ficam descontextualizados em relação a função que os originou, e muitas vezes, perdem seu significado. 

    LOPEZ, André Porto Ancona. As razões e os sentidos: finalidades da produção documental e interpretação de conteúdos na organização arquivística de documentos imagéticos. Tese de Doutoramento. São Paulo: Programa de Pós-Graduação em História Social da FFLCH-USP, 2000. Trabalha as questões relacionadas a documentos imagéticos e diz que a origem no documento fotográfico é “aparentemente mais complicada”, pois há uma maior ocorrência do que ele denomina “reciclagens de informação”, ou seja, a mesma imagem pode encontrar-se repetida em documentos diferentes, o que ocorre com menor frequência nos documentos textuais.

    PANOFSKY, Erwin. A perspectiva como forma simbólica. Lisboa: Editora 70, 1999. Articula a interoperabilidade entre sistemas de representação temporal e espacial ocorrida no Renascimento. Trabalha a questão do sintoma, que deve considerar as relações dentro dos sistemas culturais e com o contexto de sua época de produção para que se possa conhecer o sentido último da obra, sua essência. A interpretação iconológica deve levantar possibilidades interpretativas determinadas por seu contexto histórico e cultural, e não apenas definir seu conteúdo e tampouco podem ser considerados definitivos e fechados.

    PANOFSKY, Erwin. Significado nas artes visuais. São Paulo: Perspectiva, 2011. Neste livro trabalha entre outras coisas as questões da Iconografia e da Iconologia.

    PERINI, Giselli Maria. Acervo Fotográfico do Arquivo Geral do Município de Vitória: “Arquivo Morto” ou Memória Viva? 2005. 56 f. Monografia (Graduação em Arquivologia). UFES, Vitória, 2005. Relata parte do trabalho realizado pelo arquivo para tentar identificar as fotografias.

    SCHELLENBERG, T. Arquivos Modernos: princípios e técnicas. Rio de Janeiro: FGV, 2002. Há uma abordagem feita mais diretamente aos documentos fotográficos.

INDICAÇÃO RESUMIDA E SINTÉTICA DAS PRINCIPAIS TRANSFORMAÇÕES OCORRIDAS NO PROJETO DE PESQUISA


POR QUE FAZEMOS CIÊNCIA?



Figura mostrando a América Invertida
América Invertida
Figura copiada de: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/0d/Joaqu%C3%ADn_Torres_Garc%C3%ADa_-_Am%C3%A9rica_Invertida.jpg

Questão proposta pelo professor André Porto Ancona Lopez em: http://metodologiaci.blogspot.com.br/2012/06/por-que-fazemos-ciencia.html?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed:+MetodologiaEmCienciaDaInformcao+(Metodologia+em+Ci%C3%AAncia+da+Informa%C3%A7%C3%A3o)

Para que serve a ciência, afinal? Muitas pessoas acham que é para melhorar a sociedade e o mundo. Outras argumentam que o juízo de valor sempre é questionável, pois o que é melhor para alguém pode não ser melhor para outrem. Há quem diga que serve para dominar o mundo e alterar a realidade... No universo acadêmico a abordagem de cunho empiricista muitas vezes apregoa que o limite da pesquisa científica, ao menos no âmbito de projetos de mestrado e doutorado, está relacionado à compreensão de um fenômeno. Os defensores do relativismo e da crítica humanizadora, por vezes admitem, e até assumidamente procuram, a transformação de uma dada realidade a partir da compreensão de um fenômeno, podendo, inclusive, buscar a modificação do próprio fenômeno, em algumas situações.
Eduardo Tomanik tem uma frase bastante interessante sobre a postura transformadora que a pesquisa científica pode vir a ter: "a realidade é sempre mais complexa do que podemos perceber; por isso pesquisamos. Ela é sempre diferente do que gostaríamos que fosse; por isso tentamos modificá-la.”.  E você, jovem pesquisador de Ciência da Informação, como se posiciona a respeito dessa questão? Como essa preocupação está evidenciada (se é que está) no seu projeto ou na formalização de sua pesquisa? 

Nome: Rosa Costa
Dinter
Resposta: Eduardo Tomanik: "a realidade é sempre mais complexa do que podemos perceber; por isso pesquisamos. Ela é sempre diferente do que gostaríamos que fosse; por isso tentamos modificá-la.” De acordo com Pedro Demo, no livro Introdução à Metodologia da Ciência (2011, p. 20), “a ciência propõe-se a captar e manipular a realidade assim como ela é.” Porém a noção de realidade é subjetiva, pois depende do grupo social no qual o indivíduo está inserido, é construído socialmente.  A pesquisa, feita em qualquer área do conhecimento, é uma tentativa de melhor entender a ‘realidade’ na qual estamos inseridos. O ser humano tem a necessidade de buscar respostas para questões que o incomodam de algum modo.  Ao pensar o ser humano pode descobrir novas formas de ver o mundo, como mostra o desenho do mapa que ilustra a questão formulada pelo professor André Lopez. A ciencia deveria ser pensada para trazer melhores condições de vida para todos.A pesquisa científica traz benefícios para a humanidade, porém pode, inclusive, trazer descobertas cujo uso distancia-se do objetivo inicial do pesquisador.
A minha pesquisa de doutorado tem como tema geral Metodologia de organização de acervo fotográfico. Penso que o desenvolvimento dessa metodologia pode permitir que as fotografias existentes nos arquivos possam ser tratadas como documentos de arquivo, o que infelizmente não ocorre na maioria dos casos, pois as fotografias são descontextualizadas, perdem sua organicidade e transformam-se em coleções. Além de permitir um maior acesso a esse acervo.

IDENTIFICAÇÃO INICIAL DA PESQUISA








a) Nome: Rosa da Penha Ferreira da Costa;

b) Pesquisa de doutorado: DINTER UnB/UFES;

c) Tema: Organização e tratamento técnico do acervo fotográfico;

d) Objeto: Acervo fotográfico do Município de Vitória; ISAD-G; NOBRADE: Norma Brasileira de Descrição Arquivística;

e) Problema: Quais estratégias metodológicas podem ser viabilizadas para o tratamento técnico do acervo fotográfico sob a guarda do Arquivo Público Municipal de Vitória (ES) para posterior socialização física e virtual das fotografias?

f) Base empírica: Arquivo Histórico da Prefeitura Municipal de Vitória;

g) Base teórica: Aline Lopes Lacerda; André Porto Ancona Lopez; Erwin Panofsky; Hilary Jenkinson; Telma Campanha de Carvalho; T. Schellenberg.